Em entrevista ao Jornal da CBN, a diretora de operações da Legisla Brasil, Lana Faria, fala que o destaque positivo fica para atuação das mulheres em cargos de liderança.
A Legisla Brasil divulgou um estudo que aponta que 68% dos parlamentares têm desempenho ruim ou razoável. Em contrapartida, as mulheres em cargos de liderança se destacam de forma positiva. Em entrevista ao Jornal da CBN, Lana Faria, diretora de operações da Legisla Brasil, discutiu o destaque das mulheres na Câmara dos Deputados, analisou os fatores que impedem os parlamentares de alcançarem seu desempenho máximo e comentou sobre a atuação dos parlamentares ‘novatos’ na Casa.
Sobre o recorte que 68% dos deputados têm um desempenho ruim na Casa, Lana explica que durante os 500 dias de análise, o trabalho dos parlamentares foi avaliado em quatro eixos: produção legislativa, fiscalização, mobilização e alinhamento partidário. Entre esses, o eixo de fiscalização se destacou negativamente pela falta de engajamento dos deputados.
‘Por exemplo, dentro da fiscalização, existem as emendas e medidas provisórias, que é quando o governo coloca alguma vontade dele para a Câmara aprovar. Por exemplo, foi muito polêmico nos últimos meses, a taxa das blusinhas incide diretamente sobre a nossa economia e a gente teve uma taxa de só 20% de deputados nos seguintes dias incidindo sobre emendas e medidas provisórias. Isso é muito, muito baixo.’
‘Eu acho que um ponto de atenção importante dentro desse número é o eixo de fiscalização. Então, a gente tem um eixo de 1 a 10, a gente está contando 1.9. Os outros não estão ótimos, a gente chega ao máximo ali de 5 e pouquinho no alinhamento partidário, mas 1.9 em fiscalização, que é uma das principais atribuições do Poder Legislativo, é de fato preocupante’, relatou.
Lana Faria explica que as mulheres na Câmara dos Deputados se destacam significativamente após superarem inúmeros desafios. Apesar dos obstáculos enfrentados para alcançar uma cadeira em um contexto político que muitas vezes limita sua atuação, elas demonstram um desempenho notável em cargos de liderança.
‘Elas têm utilizado ferramentas do legislativo para conseguir ter destaque na sua atuação. Quando a gente fala sobre representatividade na política, mulheres e outros grupos historicamente bem representados, chegando a essas cadeiras, quando elas chegam, outros limitantes e desafios dentro da casa, eles começam a aparecer. E estar em posições de liderança dentro de comissões e bancadas significa conseguir ter o poder da caneta. Então, a gente notou que essa foi uma estratégia utilizada principalmente por deputadas mulheres para conseguir, de fato, avançar suas pautas e ter relevância das suas agendas’, explicou.
‘Em termos de produção legislativa, não existe uma diferença significativa do quanto homens e mulheres fazem mais ou menos a produção legislativa, mas no eixo de cargos, sim.’
A diretora de operações da Legista Brasil ainda comentou sobre o trabalho dos parlamentares ‘novatos’ na Câmara. Segundo ela, os novos parlamentares tendem a ser mais produtivos do que os veteranos, destacando-se pela sua maior atividade e empenho na produção legislativa.
‘Existe uma diferença no tipo de atuação que indica que novatos tendem a produzir mais, a repescar alguns tipos de proposições para tentar entender porque aquela proposição não foi para frente e tentar avançá-la. Eles usam principalmente, quem chega na Câmara, a produção legislativa e quem já está na casa geralmente são os fiscalizadores, o que também indica um problema, apesar de bom, vem com uma energia de produção legislativa muito boa, mas significa que a casa não está conseguindo empoderar os novatos com todas as ferramentas’, explicou.
‘Eles acabam fazendo o que de logo pronto ali é mais fácil de fazer, que é a produção legislativa. Então, orçamento é um dos tópicos que os novatos geralmente costumam impedir menos e é um fundamental para tudo.’
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