Em entrevista ao Ponto Final, o diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Bruno Lucchi analisa os impactos agronegócio diante do anúncio do Plano Safra.
O governo federal anunciou, nesta quarta-feira (3), o Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025, com incentivos de R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial, e R$ 85,7 bilhões para impulsionar a agricultura familiar. O programa concede valores a agricultores que produzem alimentos essenciais para a população brasileira.
Em entrevista ao Ponto Final CBN, o diretor-técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, analisou os impactos no agronegócio diante deste anúncio.
Apesar de ser um valor recorde, a demanda do setor agropecuário era maior: R$ 570 bilhões, somando agricultura empresarial e familiar. Bruno Lucchi destacou que a CNA reconhece o trabalho do Ministério da Agricultura, em buscar melhorias no Plano Safra, mas argumentou que os números ficaram aquém daquilo que havia sido solicitado.
A situação, segundo Lucchi, causa preocupação, sobretudo em um ano com tragédia climática, como a observada no Rio Grande do Sul, com as chuvas. Ele também falou da importância do seguro rural:
“Tivemos uma queda na margem dos produtores, de mais de 30%, então muitos deles ficaram descapitalizados, tiveram problema climático, e tiveram que usar todas as suas reservas. O Plano Safra seria um caminho para ajudar a manter o pacote tecnológico e seguir aumentando a produtividade.
Além disso, o seguro foi um dos pontos mais demandados pelos nossos produtores. O orçamento do seguro rural para esse ano é pouco menos de R$ 1 bilhão, e foi anunciado pelo menos R$ 210 milhões para o Rio Grande do Sul, que teve problemas recentemente que se uniram à seca nos anos anteriores”, avaliou.
Com a desistência do governo de fazer um novo leilão do arroz, o especialista respondeu sobre a possibilidade de aumento do preço do grão e analisou que a decisão desestimula o produtor em um momento próspero de colheita.
“Esse é o momento com a maior produção de arroz do Brasil, ou seja, maior oferta de arroz, e esse produto vai ser trabalhado ao longo do ano. Então, fazer leilão, nesse momento, é você desestimular totalmente o produtor de seguir produzindo, porque ele teria uma baixa enquanto ele está vendendo esse arroz que acabou de colher”, explicou.
Garantir que não vai ter estouro de preço é algo muito complicado. Não é por meio da importação que a gente vai garantir que esse produto não vai estar mais caro no final do ano. Se isso tiver que ocorrer, tem que ser mais para o final do ano. Mas a gente acredita que não precisa, porque, mesmo com os problemas no Rio Grande do Sul, que é o principal estado produtor, o saldo ainda é positivo dentro da demanda que a gente tem no Brasil”.