A escritora mineira Adélia Prado foi condecorada com o Prêmio Camões, a maior premiação da língua portuguesa. O anúncio foi feito, nesta quarta-feira, pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura e ao Governo de Portugal. O valor da premiação é de 100 mil euros, um dos maiores do mundo entre os prêmios literários.
Natural de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, Adélia Prado tem 88 anos e é considerada a maior poetisa brasileira viva. A escolha da autora para o Prêmio Camões foi feita por um júri de seis pessoas, sendo dois representantes do Brasil, dois de Portugal e dois de Moçambique, que, neste ano, foi a nação escolhida para representar os demais integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Ao comunicar a escolha, o júri afirmou que Adélia é “uma autora de obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética”. Os jurados também consideraram que a escritora “é há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”.
Além disso, eles ressaltaram que Adélia Prado recebeu elogios do também escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade, como ressaltou o presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi.
“O que eu posso dizer é que eu estou muito feliz, porque eu me lembro que Drummond descobriu Adélia e se tornou de Adélia um leitor e propagador fervoroso da obra dela. Portanto, Drummond descobriu Adélia e hoje através de Adélia nós descobrimos o Brasil. Então é uma feliz consequência de um trabalho profundo que é o de Minas pensando a poesia, pensando o país, tanto dignificando o país quanto a poesia”, avaliou.
Entre as suas principais obras estão os livros publicados entre as décadas de 1970 e 1980, como “Bagagem”, “O coração disparado”, “Solte os Cachorros”, “Cacos para um Vitral”, entre outros. No final do ano passado, Adélia Prado revelou que está escrevendo um novo livro de nome “Jardim das Oliveiras”, que deve ser lançado no segundo semestre deste ano.
Recentemente, nas redes sociais, Adélia falou sobre a prática da escrita.
“Quando eu comecei a escrever o livro que foi o primeiro, o Bagagem, eu tinha 40 anos. Então eu estava no fervor tão grande, que tinham dias que eu escrevi cinco poemas. Ou seja, como se diz, a panela estava até na tampa. Agora eu estou escrevendo um outro que espero que seja um bom livro de poesia. Então, tem muito tempo que eu não escrevia e é um livro para mim difícil de ser escrito, porque as experiências que produziram aqueles poemas foram experiências difíceis, mas tem alegria também claro”, relatou.
Esse é o segundo prêmio recebido por Adélia Prado em uma semana. A escritora mineira também foi agraciada, no último dia 20, pela Academia Brasileira de Letras como a vencedora do Prêmio Machado de Assis 2024.