A guerra em curso na Faixa de Gaza deixou cerca de 21.000 crianças desaparecidas, com muitas delas presas sob os escombros, detidas ou perdidas das suas famílias, de acordo com um relatório divulgado pela Save the Children nesta segunda-feira (24).
Alexandra Saieh, chefe de política humanitária e defesa, disse à Reuters na sexta-feira (21) que se estima que aproximadamente 17 mil crianças em Gaza estejam desacompanhadas e separadas, com mais 4 mil provavelmente desaparecidas sob os escombros.
As equipas de proteção infantil da Save the Children relataram a necessidade de medidas urgentes para proteger as crianças separadas e não acompanhadas, uma tarefa complicada pela escalada da situação de segurança.
Saieh disse que um número desconhecido de crianças foi detido pelas forças israelenses, transferido à força para fora de Gaza ou enterrado em sepulturas não identificadas.
“Várias valas comuns foram encontradas e um número desconhecido de corpos encontrados nas valas comuns eram de crianças”, disse Saieh.
Saieh destacou a dificuldade em verificar as identidades das crianças mortas, especialmente aquelas encontradas em valas comuns, devido aos seus corpos terem sido danificados de forma que as deixassem irreconhecíveis.
“Tantas crianças tiveram as suas famílias completamente destruídas, perderam todos os familiares mais próximos”, o que, segundo ela, aumenta os desafios de identificação das vítimas.
O relatório afirma que pelo menos 33 crianças israelenses foram mortas desde outubro, com um número não confirmado de crianças entre as mantidas em cativeiro em Gaza.
Cerca de 250 crianças palestinas da Cisjordânia foram dadas como desaparecidas no sistema de detenção militar israelense a partir de 9 de junho, e as suas famílias não conseguiram confirmar o paradeiro e bem-estar delas devido a novas restrições de visitação impostas desde outubro.
Saieh enfatizou o impacto traumático da guerra nas crianças, relatando casos de crianças tão traumatizadas que não conseguiam comer mesmo quando havia comida presente.
Ela alertou que os efeitos da guerra nas crianças de Gaza “atravessarão gerações”, afetando-as tanto física como psicologicamente.
(Produzido por Zainab Elhaj)