Autores de grandes sucessos da música brasileira, os compositores Michael Sullivan e Paulo Massadas são os convidados desta sexta-feira (7) no Fim de Expediente. Em conversa com Dan Stulbach, Teco Medina e Zé Godoy, a dupla compartilhou momentos marcantes da carreira, que incluiu músicas gravadas por Gal Costa, Roberto Carlos, Tim Maia, Xuxa, Fafá de Belém, dentre outros nomes. A trajetória de Sullivan e Massadas foi transformada em série (direção de André Barcinski e roteiro de Nélio Abbade e Heitor Alincourt). “Sullivan & Massadas: retratos e canções” estreou em março deste ano e está disponível no Globoplay. Ouça a entrevista completa!
Paulo Massadas volta no tempo e revela como surgiu a parceria de sucesso com Michael Sullivan. Ele conta como a relação profissional aconteceu de forma natural.
“Você tem que fazer uma parceria com o destino. Certas coisas se ajustam sem que você perceba e você caminha instintivamente naquela direção. Em 1980, mais ou menos, fui chamado para cantar no grupo do Michael Sullivan. Percebi que ele frequentava a gravadora. Ele fazia os shows e eu ficava com a banda. Mas nos intervalos eu mostrava ideias para ele, letras, músicas… e fomos criando uma relação em cima de compor músicas”, lembra.
Massadas complementa, dizendo que a canção “Me dê motivo”, famosa na voz de Tim Maia, contribuiu bastante para alavancar a carreira da dupla.
“Eu acho que ‘Me dê motivo’ foi o que realmente abriu o espaço. Porque imagina você vir logo de cara, vir com o Tim Maia, o Tim Maia era o nosso ídolo. Quando entrou o Tim Maia, gravou o Me Dê Motivo, eu falei, cara, o mundo vai começar a explodir por aí”, conta.
Michael Sullivan faz coro à fala do parceiro musical, ao destacar a relação de amizade com Tim. Para ele, a música foi um presente.
“Foi um presente. Eu encontrei o Tim Maia logo quando eu cheguei no Rio, em um ensaio de uma banda que eu tinha. Fiz uma amizade muito grande e foi muito importante para mim. O tempo passou e a gente veio se encontrar mais de dez anos depois, nesse presente”, conta.
Durante a entrevista, os compositores responderam se algum artista, cantor, já mudou a palavra ou a letra criada por eles, e a troca não agradou.
“O Roberto mudou o nome de uma música. Amor Perfeito era Dança das Horas. Estava na música, ‘Amor Perfeito no meu peito’, ele me ligou falando, ‘pô, o nome da música é Amor Perfeito, né, fala lá para o Paulinho se a gente pode trocar’. Eu liguei para ele na hora e ele falou, ”Não, para mim tudo bem’, aí ficou. Ele rebatizou a música”, revela Sullivan.
A série sobre Massadas e Sullivan também foi assunto na conversa. A obra retrata Sullivan, sobretudo, agindo na construção da melodia, enquanto Massadas se ocupa da letra. A dupla ressalta que a química foi essencial no processo.
“A música começa no meio do nada mesmo. É você numa estrada que não passa carro nenhum, no meio do deserto, e você tem que transformar aquilo em uma avenida. A gente teve algo a nosso favor: uma química. A gente sacou que um completava o outro. A melodia do Sullivan era muito boa. Isso também inspira a letra”, diz Massadas.
Especialistas em música de amor para casal de novela?
Na conversa, os parceiros da música falaram sobre o amor presente nas letras.
“Você tem que entender um pouco de amor, né? Você tem que ser o perfeito tradutor das emoções. É simples, porque amar é a coisa mais simples do mundo. É que se coloca tanta coisa em cima do amor que é que nem beber água. É uma coisa natural. Quando você traduz a coisa com naturalidade, a gente não se preocupava em fazer, vamos fazer algo sensacional, magnífico? Vamos fazer uma música”, explica Massadas.
Sullivan segue o caminho e complementa, elogiando como o estilo MPB das obras foi marcante.
“É o cotidiano. A gente falava, em todos os sentidos, sempre o cotidiano, o que estava acontecendo. Era uma escrita e uma melodia, MPB muito forte, tanto que todos queriam. Não era clássico, era um MPB popular. E esse pop atingiu o povo direto como uma flecha no coração. Não dá para explicar. Você, quando é um sucesso, dois, três, quatro, cinco, é você”, enfatiza.