Mais de 100 países e organizações se reuniram para uma conferência na Suíça neste sábado (15), dedicada para definir um caminho para a paz entre a Ucrânia e a Rússia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enviou a vice Kamala Harris para representá-lo.
No evento, Harris anunciou que Washington fornecerá a Kiev um pacote de ajuda de mais de 1,5 mil milhões de dólares para ajudar o país a reconstruir a sua infraestrutura danificada e a responder às necessidades humanitárias decorrentes do conflito, de acordo com um comunicado da Casa Branca neste sábado (15).
“Esta guerra continua sendo um fracasso total para Putin. Estou aqui na Suíça para ficar ao lado da Ucrânia e dos líderes de todo o mundo em apoio a uma paz justa e duradoura”, disse Harris.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pretende usar a reunião, que acontece em um resort perto de Lucerna, para conseguir apoio para o plano de paz de 10 pontos que delineou pela primeira vez no final de 2022.
Zelensky disse na conferência que a proposta para acabar com a guerra seria submetida à Rússia assim que fosse aceita pelas outras nações presentes e que então haveria uma segunda cúpula de paz, onde “poderíamos consertar o verdadeiro fim da guerra”.
“A fórmula da paz é inclusiva, e estamos felizes em ouvir e trabalhar em todas as propostas, todas as ideias do que é realmente necessário para a paz e o que é importante para vocês, queridos amigos”, afirmou o presidente ucraniano.
“Peço que sejam o mais ativos possível e estou orgulhoso de que todas as partes do mundo, todos os continentes, estejam agora representados na cúpula da paz”, acrescentou.
A maioria dos governos ocidentais enviou representantes de alto nível.
Chefes de estado e de governo de vários países europeus, incluindo França, Alemanha e Reino Unido, também estão participando, assim como o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
No entanto, a China não comparecerá. O país asiático rejeitou qualquer reunião que não tenha a presença da Rússia e da Ucrânia.
O plano de Zelensky inclui exigências de cessação das hostilidades, a restauração da integridade territorial da Ucrânia, a retirada das tropas russas do solo ucraniano e a restauração das fronteiras pré-guerra da Ucrânia com a Rússia.
Também pede a criação de um tribunal especial para processar crimes de guerra russos.
“A Ucrânia nunca quis esta guerra, é uma agressão criminosa e absolutamente não provocada da Rússia. E o único que queria isso era Putin”, disse Zelensky.
A Rússia demonstrou pouco interesse em concordar com esses termos e não mostrou nenhum sinal de compromisso quando se trata de questões territoriais.
Na sexta-feira (14), um dia antes do início da cúpula, o presidente russo, Vladimir Putin, reafirmou o plano de paz do próprio Kremlin, com o qual é pouco provável que a Ucrânia concorde.
A proposta russa pede que as tropas ucranianas se retirem de quatro regiões do sul e leste do território ucraniano que Moscou disse que anexaria e exige que Kiev desista de sua tentativa de ingressar na Otan.
Embora as forças da Rússia tenham obtido ganhos em duas das regiões – Donetsk e Luhansk – nos últimos meses, elas estão longe de ocupar todas as quatro, que incluem Kherson e Zaporizhzhia.
Putin disse mais tarde naquele dia que quase 700 mil soldados russos estão lutando na Ucrânia, um aumento em relação aos 617 mil que ele relatou durante uma coletiva de imprensa de fim de ano em 2023.
Zelensky respondeu em entrevista à televisão italiana que “o fato de Putin dizer para dar parte de nossos territórios, ocupados e desocupados, fala sobre várias regiões do nosso país, e ele vai parar (ali), e não haverá conflito congelado”.
“As mensagens são as mesmas de Hitler”, disse Zelensky
“Putin entende que haverá uma cúpula de paz. Que a maior parte do mundo está do lado da Ucrânia, do lado da vida. E na véspera da cúpula, em meio a sirenes de ataque aéreo, pessoas sendo mortas e ataques de mísseis, ele parece estar falando sobre algum tipo de ultimato”, acrescentou o presidente ucraniano.