À medida que os Estados Unidos avançam em um ano eleitoral polarizado, o cenário nacional registrou mais grupos de ódio do que em qualquer outro momento no último meio século, de acordo com um novo relatório.
O Southern Poverty Law Center (SPLC) divulga relatórios, incluindo o chamado “Year in Hate” (Ano em ódio, na tradução livre), desde sua fundação em 1971. A instituição é sediada em Montgomery, no estado do Alabama.
“Com uma eleição histórica a poucos meses de distância, esses grupos estão se multiplicando, se mobilizando, fazendo, e, em alguns casos, já implementando planos para desfazer a democracia”, alertou Margaret Huang, CEO do SPLC, nesta terça-feira (4) durante divulgação do relatório de 2023.
A contagem do ano passado de grupos antigovernamentais chegou a 835. Dois anos atrás, o número era de 122. Há também 595 grupos de ódio ativos, de acordo com o grupo.
A contagem e o relatório anual do SPLC são aguardados com expectativa entre os ativistas, mas têm seus críticos.
Alguns integrantes da direita e serviços de comunicação libertários, como a Reason Magazine, apontam que o levantamento faz pouco para contabilizar o número de membros que cada grupo conta. Os críticos também questionam a conexão entre o mapa e a arrecadação de fundos do grupo.
Por sua vez, o SPLC aponta vários desenvolvimentos na descrição do panorama dos EUA.
“Também encontramos um número recorde de grupos nacionalistas brancos. É o maior que já registramos. São 166 desses grupos, o que foi um aumento de mais de 50% em relação ao ano anterior. E esses são grupos que buscam especificamente construir um etnoestado branco”, disse Cassie Miller, analista sênior de pesquisa do Centro.
O levantamento também lançou luz sobre ataques persistentes à comunidade LGBTQIA+, geralmente tendo como alvo eventos como o Drag Queen Story Hour.
De acordo com o SPLC, houve cerca de 200 incidentes desse tipo no ano passado.
“Nós documentamos ameaças de bomba, grupos barricando portas de bibliotecas públicas, interrompendo eventos e assédio online como apenas algumas das estratégias que grupos de extrema direita usaram para restringir as liberdades de expressão e reunião”, destacou R.G. Cravens, analista sênior de pesquisa da instituição.