O último dia de debates do grupo de trabalho sobre Transições Energéticas do G20 em Belo Horizonte foi marcado pela discussão sobre os três principais desafios dessa mudança: financiamento, dimensão social e desenvolvimento de novas tecnologias.
A principal contribuição brasileira ao tópico foi a da necessidade da criação de planejamentos energéticos, já que a mudança demanda um olhar cauteloso para recursos e oportunidades.
Para isso, a formação de uma coalizão internacional foi apontada pelo país como um primeiro passo para apoiar nações que ainda não possuem capacidades institucionais bem estabelecidas.
Outra questão abordada foi o possível impacto socioambiental da corrida pela transição energética, tendo em vista que a troca de fontes de energia poluidoras exige a exploração de outros materiais.
Segundo a coordenadora do GT e assessora especial do Ministério de Minas e Energia, Mariana Espécie, essa preocupação será abordada em discussões futuras do grupo.
“Algumas estimativas apontam que se a gente seguir nessa trajetória de triplicar renováveis a gente tem um aumento de demanda por minerais da ordem de 40 vezes do que a gente tem hoje de exploração. É um número que assusta. Então se a gente desde agora não começar a olhar de uma forma bastante holística para esse processo, corremos o risco de implementar e fazer dessa transição energética a reprodução de modelos de desenvolvimento que a gente já tem visto até o momento.”
Também foi colocado em pauta o estabelecimento de padrões internacionais para combustíveis sustentáveis, os biocombustíveis. Nesse sentido, o Brasil se mostrou como um bom intermediário entre os países, tendo em vista sua diversidade.
Tragédia no Rio Grande do Sul
Ainda durante os encontros, que reuniram representantes de mais de 40 delegações do mundo, a situação das enchentes no Rio Grande do Sul foi mencionada.
O embaixador André Corrêa do Lago, Secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, falou sobre como o caso ilustrou para os outros países a urgência da tomada de ações em relação às mudanças climáticas:
“O que tem acontecido no Rio Grande do Sul, internacionalmente teve também um efeito muito grande de mostrar a relação do Brasil com a mudança climática além da Amazônia. Porque é um grito de alarme, né? Com relação ao que pode acontecer em tantos cidades e regiões do Brasil.”
Com o encerramento do ciclo de debates em Belo Horizonte, os encontros presenciais do GT estão pausados até o mês de outubro. As próximas reuniões serão sediadas em Foz do Iguaçu, no Paraná, e contarão com a presença dos Ministros de Energia dos países participantes.
Na sequência, todas as construções elaboradas na capital mineira devem ser referendadas na declaração de líderes durante a Cúpula do G20 em novembro, no Rio de Janeiro.