O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Domingos Brazão, denunciado pela Procuradoria-Geral da República como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, convocou uma reunião com aliados um dia antes de ser preso, para discutir o andamento das investigações sobre o caso.
A informação está em um relatório complementar da Polícia Federal, apresentado nesta quinta-feira (23) ao Supremo Tribunal Federal. O encontro entrou na mira da apuração da PF depois que os investigadores extraíram do celular do conselheiro do TCE um áudio encaminhado à mulher, Alice Kroff, em que descrevia a reunião e os participantes.
No dia 23 de março, ele se encontrou, em um restaurante em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, com o advogado e procurador da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Lopes Lourenço, e Robson Calixto Fonseca, conhecido como “Peixe”, assessor de Brazão, que teria intermediado o contato entre o conselheiro do TCE e Ronnie Lessa, que confessou ser o assassino da vereadora.
Marielle Franco foi assassinada a tiros junto com seu motorista em 2018, no Rio de Janeiro — Foto: Marcia Folleto/Agência O Globo
Os delegados do caso Marielle não afirmam, no documento, que o encontro se tratava de uma tentativa de Brazão de obstruir a investigação ou se os envolvidos tinham informações sobre a operação que seria feita no dia seguinte. A PF, no entanto, acredita que a morte da vereadora foi o motivo da reunião.
O relatório afirma que o assunto do almoço era a investigação porque Brazão encaminhou ao procurador da Alerj e seu advogado, durante o encontro, “diversas reportagens” sobre o caso Marielle. Além disso, Brazão também enviou mensagens e links de matérias para políticos do estado. O delegado afirma, no entanto, que “não é possível extrair de tais recortes eventual tentativa de embaraçar as investigações em andamento naquele momento”.
O conselheiro do TCE, o irmão e deputado Chiquinho e o delegado Rivaldo Barbosa acabariam presos menos de 24 horas após o almoço em Niterói pela Polícia Federal, na manhã do dia 24 de março, um domingo. Os três foram levados para a Penitenciária de Segurança Máxima da Papuda, em Brasília.
O relatório aponta ainda que o conselheiro do TCE também tentou se encontrar com o delegado Giniton Lages, outro alvo da investigação que não chegou a ser preso, dois dias antes da operação da Polícia Federal. Giniton disse à PF que não aceitou se reunir com Brazão.
Domingos, o irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa foram denunciados no último dia 9 pela Procuradoria-Geral da República como mandantes da execução de Marielle. Os irmãos e o assessor Robson Calixto, o Peixe, também foram denunciados por organização criminosa.
A CBN tenta contato com as defesas dos citados.