Um novo relatório da Polícia Federal sobre o caso Marielle aponta um possível esquema de destinação de emendas parlamentares de deputados federais ao estado do Rio de Janeiro.
As suspeitas sobre o destino das emendas surgiram a partir da análise das mensagens no celular de Robson Calixto Fonseca, o Peixe, PM reformado e assessor de Domingos Brazão, no Tribunal de Contas do Estado.
Segundo o documento, o dinheiro do orçamento para atividades de interesse público era definido pelos deputados federais Chiquinho Brazão e Pedro Augusto Palareti (Progressistas) iam para uma ONG específica, a Contato. Essa organização já estava envolvida nos escândalos da Ceperj.
Chiquinho Brazão e Domingos Brazão são acusados de mandar matar Marielle Franco. — Foto: Reprodução
A ONG Contato foi indicada a Peixe por Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados. Ao chegar na conta bancária da ONG, de acordo com a investigação, o dinheiro era repassado para a conta da filha de Peixe, Maria Clara Fonseca.
Em conversas de outubro de 2023, Pedro Augusto encaminha a Peixe documento com a planilha de suas indicações de emendas parlamentares, ressaltando os valores de R$ 1.250.000,00 para Campos e de R$ 2.800.000,00 para Armação dos Búzios.
Logo depois, uma assessora do deputado Pedro Augusto informa a Peixe que o parlamentar gostaria de destinar verbas para a universidade UniRio e Peixe informa que “não pode ir para lá”. O assessor do TCE diz que pode ir para a saúde em Belford Roxo e Nilópolis, na Baixada Fluminense. Minutos depois, a assessora encaminha a Peixe uma tabela com valores destinados aos mencionados municípios, informando que o “nosso valor” seria de R$ 9.199.246,00.
Durante as conversas com a ONG Contato, Peixe diz que está sendo cobrado, dando a entender que ambos são apenas intermediários daqueles realmente interessados pela destinação dos valores.
Na galeria do celular de Peixe foram encontradas imagens relacionadas a emendas parlamentares, anotações manuscritas que denotam a destinação de altas montas de dinheiro intermediadas por ele, projetos de interesse da Família Brazão, intermediação com deputados e outras autoridades e alienação de bens de luxo.
Logo, foi possível entender a atuação de Robson Calixto como atuante nos bastidores na defesa dos interesses da Família Brazão, de modo a acumular um patrimônio incompatível com as fontes de renda lícitas.
O relatório pede então a autorização de abertura de inquérito para apuração de tais condutas junto ao Supremo Tribunal Federal.