Tanques israelenses avançaram até o limite de um bairro lotado no coração de Rafah, nesta quarta-feira (22), durante uma das noites mais intensas de bombardeio na cidade do sul de Gaza desde que Israel lançou sua ofensiva no local este mês.
O ataque de Israel a Rafah, no extremo sul de Gaza, fez com que centenas de milhares de pessoas fugissem do que era um refúgio para metade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave. O ataque também cortou as principais rotas de acesso de ajuda a Gaza, provocando temores internacionais de mortes em massa e fome.
Israel diz que não tem escolha a não ser atacar a cidade para eliminar os últimos batalhões de combatentes do Hamas que acredita estarem abrigados lá. Suas tropas têm se deslocado lentamente para a periferia leste de Rafah desde o início do mês.
Moradores e militantes disseram que os tanques assumiram novas posições na quarta-feira, mais a oeste do que antes, ao longo da cerca da fronteira sul com o Egito, e agora estavam estacionados perto do bairro de Yibna, no centro de Rafah. Eles ainda não haviam entrado no distrito, à medida que os combates eram intensos.
O braço armado do Hamas disse que atingiu dois veículos blindados de transporte de tropas em um portão ao longo da cerca da fronteira com foguetes antitanque.
Moradores palestinos disseram que drones israelenses estavam disparando contra o subúrbio de Yibna e abriram fogo durante a noite contra barcos de pesca na praia de Rafah, fazendo com que alguns pegassem fogo.
“Não houve interrupção dos disparos israelenses durante toda a noite, de drones, helicópteros, aviões de guerra e tanques”, disse um morador de Rafah, pedindo que seu nome não fosse divulgado para proteger sua segurança.
“Os tanques fizeram um avanço limitado para o sudeste, ainda limitado, mas avançaram sob fogo pesado a noite toda”, afirmou ele à Reuters por meio de um aplicativo de mensagem.
Não houve reação imediata dos militares israelenses sobre Rafah. O governo israelense disse que matou vários combatentes em operações direcionadas em Khan Younis, ao norte de Rafah, e no norte da Faixa de Gaza, onde suas tropas retornaram em uma grande operação em uma área onde disseram ter desmantelado o Hamas meses atrás.
A UNRWA, principal agência das Nações Unidas em Gaza, estimou na segunda-feira (20) que mais de 800.000 pessoas fugiram de Rafah desde que Israel começou a atacar a cidade no início de maio, apesar dos apelos internacionais por moderação.
Israel lançou seu ataque a Gaza após uma ofensiva liderada pelo Hamas às comunidades do sul de Israel em 7 de outubro, no qual os combatentes mataram 1.200 pessoas e capturaram mais de 250 reféns. Desde então, o ataque israelense matou mais de 35.000 pessoas, com milhares de outras podendo estar enterradas sob os escombros, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza.