O diretor de Planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, Nelson Barbosa, afirmou que riscos de futuros desastres ambientais devem começar a ser calculados na política fiscal, e defendeu a inclusão de gastos com prevenção.
A declaração foi dada, nessa terça-feira (21), após encontro de líderes de bancos públicos de desenvolvimento de países do G20, que reúne as maiores economias do mundo, na sede do BNDES, no centro do Rio.
Nelson Barbosa foi questionado a respeito da fala do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite – que afirmou que o estado recebeu alertas sobre fortes chuvas, mas que o governo estadual priorizou a “agenda fiscal que se impunha”.
Para Barbosa, embora as regras de responsabilidade fiscal foquem mais no aspecto financeiro, há uma parcela relacionada aos riscos ambientais. À medida que a ocorrência desses acontecimentos aumenta, o cálculo dos riscos precisa ganhar mais peso dentro das questões fiscais, segundo o direto de Planejamento do Banco.
“A política fiscal, ao levar isso em consideração, pode chegar à conclusão de que se gastar R$ 1 bilhão agora, estará economizando provavelmente R$ 15 bilhões versus a probabilidade de um evento extremo acontecer no horizonte de tantos anos. Esse cálculo não é simples e é difícil de ser comunicado à população. Mas a transição climática chegou, e esse cálculo precisa ser feito e incorporado também nos riscos fiscais de todos os países”, disse.
A diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade, Maria Netto, também reforçou que os riscos de eventuais desastres e investimentos em prevenção e adaptação climática devem ser incluídos nas análises econômicas de estados, países ou cidades, e alertou que o custo da inação e da recuperação após calamidades climáticas são mais debilitantes.
Na segunda-feira (20), o Ministério da Fazenda e o BNDES já haviam anunciado que está em a análise a criação de uma linha de crédito destinada a reconstruir a infraestrutura do Rio Grande do Sul. A ideia é que os recursos sejam destinados a municípios gaúchos e também a pessoas jurídicas.
A linha especial poderá contar com recursos do Tesouro Nacional e de outros bancos de desenvolvimento. O custo do financiamento e a taxa de juros dos empréstimos não foram informados.