O jornalista Ernesto Paglia foi entrevistado, nesta sexta-feira (17), na CBN, no Fim de Expediente, por Dan Stulbach, Teco Medina e Zé Godoy. O comunicador, que trabalhou por 44 anos na TV Globo, falou sobre a carreira e destacou trabalhos marcantes com foco na pauta climática. No início deste ano, Paglia estreou, no Globoplay, um documentário que gravou na Groenlândia, onde enfrentou desafios como frio extremo, de até 35 graus negativos. Conhecido pelas reportagens ligadas ao meio ambiente, o “homem do Ártico”, como também pode ser chamado, é o jornalista brasileiro que mais visitou o noroeste da Groelândia, conforme revelado na conversa. Essas e outras curiosidades você confere nesse papo incrível! Ouça a entrevista completa!
Ernesto Paglia avalia que, atualmente, é comum observar diferentes pessoas opinando sobre os mais diversos temas, e que essa prática, em certos casos, pode ser problemática.
“Vejo, hoje, o pessoal, principalmente em canais de notícias, opinando sobre tudo e todos. A gente vive em uma sociedade hiperpolarizada. E, talvez, os meios de comunicação, como TV e rádio, estejam espelhando isso. Também, pode ser o próprio público que esteja desejando isso. O problema é que, atualmente, não é só um grupo pequeno de acadêmicos usando a internet. Hoje são bilhões de seres humanos. A gente discute se não seria o caso de impor limites a essa liberdade para evitar o caos que tem ali, o abuso. O fascismo funciona assim, trabalha com descrédito, semeando desespero,”, analisa.
O jornalista ressalta a importância do conhecimento do ambiente e de técnicas específicas para viajar para regiões geladas do planeta, como o Ártico, para onde ele já foi ao menos três vezes. E tem até segredo.
“Você tem que ir com alguém que conheça bem o terreno, se não você pode morrer congelado, por exemplo. Nós contamos com um guia muito competente. Compramos quilos de roupas, luvas, meias… você veste e não tira. Tem que aprender a não suar, porque se você suar, aquilo vai encharcar a sua roupa e ela vai congelar. O suor vai congelar e você vai morrer de frio. A gente fazia uma higiene pessoal com lenço umedecido. Tomar mais de um banho é uma frescura brasileira”, conta.
Para Paglia, é um privilégio poder ter ido tantas vezes a essa região e relata a experiência de quase não ver a luz do sol.
“Quantos são os brasileiros dentre estes? Quantos são os jornalistas que tiveram o privilégio de ir três vezes, ao mesmo ponto, no Ártico, na mesma época do ano, abril? Eu fiz aniversário lá. É dureza. Eu achei chato e durou uns três dias só. A gente vai lá justamente na época em que começa a primavera, quando começa a voltar a luz. E com a volta do sol, as temperaturas vão ficando menos extremas. Então, de menos 40, você começa a ter agradáveis menos 20, que é um pouquinho mais frio do que o seu freezer, apresado ouvinte. O freezer da sua casa deve funcionar a menos 18”, lembra.
Eu li um livro chamado no pais das sombras longas (o sol ta muito paralelo à terra, ele levanta pouco no horizonte, por isso muito frio)
Você não chega perto de iceberg, porque é um grande monstro de gelo. Se a pedra se mexer, tudo em volta quebra e você é engolido.
“Eu poderia dizer que as viagens para os extremos do planeta, seja o Ártico ou a Antártida. Você só vê branco, além da temperatura. Cheguei a pegar -35°C e um acampamento. É dureza.
No início deste ano, a Globoplay lançou o documentário “3x Ártico – O alerta do gelo”, que mostra Paglia convivendo com adiversidades, como temperatura e cultura, do norte da Groenlândia. A direção é de Henrique Picarelli, que ainda assina o roteiro com Caio Cavechini.