Os catalães votam neste domingo (12) numa eleição regional que oferece a possibilidade do regresso ao poder de um político separatista que liderou uma tentativa separatista em 2017, ou de um governo anti-independência liderado pelo Partido Socialista.
As pesquisas de opinião preveem uma vantagem confortável para o candidato socialista Salvador Illa sobre o partido separatista linha-dura Junts e seu rival mais moderado, a Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), que atualmente governa a rica região nordeste.
Um governo catalão liderado pelos socialistas do primeiro-ministro Pedro Sánchez poria fim a uma década de governos separatistas que agitaram a política espanhola e seria uma justificativa da abordagem conciliatória de Sánchez com a região.
Mas quem quer que ganhe provavelmente terá de governar com alianças, uma vez que nenhum partido parece capaz de atingir sozinho o limiar de 68 lugares para obter uma maioria, o que significa que a votação deste domingo pode anunciar o início das negociações de coligação que durarão muito para além das eleições.
O candidato do Junts é Carles Puigdemont, que foi presidente da Catalunha durante a tentativa fracassada de retirar a região da Espanha em 2017, antes de fugir para o exílio na Bélgica.
Puigdemont enfrenta há anos processos judiciais na Espanha devido à tentativa de independência e faz campanha no sul da França. Mas ele deverá voltar para casa na sequência de uma anistia apresentada pelo governo socialista em Madrid que anularia o seu mandado de prisão, e prometeu ressuscitar uma tentativa de independência.
As votações encerram às 15h, no horário de Brasília, com resultados esperados por volta das 19h.
Uma pesquisa publicada pelo jornal El Pais na semana passada mostrou que os socialistas podem ganhar 40 assentos na assembleia catalã, com previsão de que o Junts obtenha 34 e a ERC 26.
Mas algumas sondagens mostraram que cerca de 40% dos eleitores estavam indecisos, então qualquer resultado é possível, e o partido vencedor provavelmente precisará de encontrar um parceiro para governar.
Se os socialistas vencerem, poderão procurar uma aliança com a ERC ou o Junts, embora ambos os partidos separatistas tenham até agora descartado essa possibilidade.
Caso contrário, poderiam tentar uma parceria ainda mais improvável com o PP, os seus principais rivais a nível nacional.
Se tomassem o poder, Junts e ERC procurariam liderar um novo governo pró-independência. Mas algumas pesquisas de opinião previram que eles ficariam aquém dos assentos necessários, inclusive com o apoio de partidos separatistas menores.
Se as negociações pós-eleitorais não conseguirem produzir um acordo até agosto, uma nova eleição acontecerá em outubro.
Gerard Arlandes, um empresário que votou em Barcelona neste domingo, disse que não tinha muita fé nos políticos.
“Não espero nada dos políticos. Voto porque sou um democrata. Tudo isso é muito dinheiro e eles fazem o que querem”, disse ele à Reuters.
Não se sabe como a votação será impactada pela surpreendente pausa de cinco dias do cargo de Sanchez no mês passado para avaliar sua possível renúncia, frente ao que ele chamou de uma campanha difamatória dirigida contra sua família por oponentes de direita.
A sua ruptura “mobilizou muito o voto socialista” na Catalunha, disse uma fonte socialista.