Cerca de 10% do setor de informática podem ser demitidos, segundo presidente da federação. Setores explicam que contribuem com de 1% a 4,5% do faturamento e terão de pagar sobre 20% da folha dos funcionários.
A suspensão da desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia através de decisão liminar do Supremo Tribunal Federal poderá causar impactos para empresas beneficiadas já em maio. Setores consultados pela reportagem da CBN ressaltam que o pagamento da contribuição patronal dos impostos federais está previsto o dia 20 de maio, o que poderá causar um impacto inesperado para companhias que hoje contribuem com de 1% a 4,5% do faturamento e terão de pagar sobre 20% da folha dos funcionários.
A presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e Informática (Feninfra), Vivien Suruagy, diz que se a suspensão da desoneração não for revertida, cerca de 10% dos funcionários do setor poderão ser demitidos.
“Esta diferença entre os 20% da folha e o que está sendo praticado pela desoneração dá um aumento de cerca de três vezes, triplica a carga tributária sobre o que pagamos atualmente. Então, as empresas não têm recursos para isso. Conversamos com várias entidades laborais e explicamos que infelizmente não temos como pagar porque nossos contratos não permitem. O que vejo é amanhã, em vez de comemorarmos o Dia do Trabalho, será o dia da perda do emprego”, disse.
Entre outros setores que alegam ser fortemente afetados com aumento da carga tributária sobre a folha – e que têm grande números de funcionários -, estão o têxtil e o de comunicações.
O ministro Luiz Fux, do Supremo, pediu vista nesta semana e interrompeu a análise da desoneração da folha e o julgamento poderá ficar suspenso por até 90 dias. Antes do pedido de vista, outros quatro ministros seguiram o entendimento do relator, Cristiano Zanin, e votado para manter suspensa a desoneração.
Almoço cancelado entre Senado e Planalto
Em outra frente, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) cancelou um almoço previsto para esta terça-feira com ministros para discutir pautas de interesse do governo, incluindo o Perse e os vetos presidenciais, mas também a mais recente crise entre o Planalto e o Congresso por conta da judicialização da desoneração da folha de pagamentos.
O cancelamento do almoço com Pacheco não foi bem-recebido pelo Palácio do Planalto e aliados do governo no Congresso. O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, minimizou o fato e disse que não sabia que o encontro estava previsto para essa terça-feira.