Mais um caso de morte de detento por suspeita de ingestão de drogas K foi registrado em um presídio de Ribeirão das Neves, cidade da região metropolitana de BH. Um homem, de 40 anos, morreu por suspeita de intoxicação por uso desses entorpecentes sintéticos, no presídio Antônio Dutra Ladeira. Ele chegou a ficar internado cinco dias num hospital da cidade, mas não resistiu ao quadro.
Dessa forma, já são 14 casos de presos que morreram por suspeita de intoxicação por drogas K, em dois presídios de Ribeirão das Neves, nos últimos quatro meses. Em uma das unidades prisionais, sete mortes ocorreram num intervalo de 10 dias.
Sobre esse novo caso, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública afirmou que a direção do presídio vai abrir um procedimento interno para apurar as circunstâncias que levaram à internação do detento. Segundo a pasta, todos os procedimentos foram realizados para garantir o atendimento dele e, por enquanto, não é possível precisar a causa da morte. O corpo do homem foi encaminhado ao IML para a realização de exames. Todos os casos semelhantes são investigados pela Polícia Civil de Minas.
As drogas do tipo K são entorpecentes sintéticos, que tentam imitar efeitos de outras substâncias, como maconha, LSD, heroína e cocaína. Como resultado, o usuário pode ter problemas graves de saúde e quadros de overdose que levam à morte.
O professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG Frederico Garcia explica que essas modificações são feitas pelos traficantes para tentar driblar a legislação antidrogas.
“Às vezes, para driblar as drogas que estão nessa lista e não se enquadrar, eles vão sintetizando drogas com pequenas modificações químicas, que tem um efeito semelhante àquelas que já existem e que não estão ainda enquadradas dentro dessa lista. Então, quando elas são apreendidas, a Justiça não tem como enquadrar aquele traficante, como se aquilo fosse de fato uma droga. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária frequentemente agora tem que ir acrescentando essas substâncias”, disse.
Na semana passada, dois diretores do presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, foram exonerados, após as mortes dos detentos registradas por quadros de overdose das drogas K.
Ainda sobre esses casos, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública informou que revistas são feitas de forma rotineira em visitantes e nas celas para coibir a entrada e permanência de materiais ilícitos na unidade prisional. De janeiro a abril deste ano, a Polícia Penal de Minas apreendeu aproximadamente 19 mil micropontos de drogas K com visitantes.