O rendimento médio mensal real domiciliar per capita cresceu 11,5% em 2023, alcançando o valor de R$ 1.848, o maior da série histórica iniciada em 2012. Em relação a 2019, um ano antes da pandemia e que possuía o valor máximo até então, a elevação foi de 6%. Com isso, a massa do rendimento mensal domiciliar per capita subiu 12,2% em relação a 2022 e atingiu o maior valor da série histórica, R$ 398,3 bilhões.
Esses dados são da PNAD Contínua Rendimento de Todas as Fontes, do IBGE. O aumento foi atribuído ao crescimento expressivo da população no mercado de trabalho, além do aumento dos valores médios pagos no Bolsa Família e do percentual de domicílios que recebiam o programa social, que saltou para 19% em 2023. O diretor da FGV Social, Marcelo Neri, explicou que os dados mostram que o crescimento foi espalhado, afetando várias fontes de renda.
Surpreendem pela magnitude do efeito crescimento, um crescimento de 9 pontos percentuais acima do crescimento do PIB no ano passado, correspondendo ao crescimento de 11,5%. É um crescimento que afeta toda a distribuição, de uma maneira geral, várias fontes de renda, então é um crescimento relativamente espalhado. Ele é dois dígitos praticamente para toda a distribuição, dos 5% mais pobres até o 1% mais rico.
A região Nordeste segue com menor rendimento médio mensal domiciliar per capita, R$ 1.146,00, enquanto a Sudeste tem o maior, R$ 2.237,00, quase o dobro. O nível de desigualdade segue no menor patamar desde o início da série histórica, mas ainda é uma das mais altas do mundo. Considerando a fatia de 1% da população com maior rendimento domiciliar, os valores são quase 40 vezes maiores que os rendimentos de 40% da população mais pobre.
Em 2023, 10% das famílias com os maiores rendimentos tinham recebido, em média, 14 vezes mais que 40% da população com os menores rendimentos. O analista da pesquisa, o Gustavo Geaquinto, disse que, apesar da estabilidade no nível de desigualdade, os dados mostram que ela permaneceu acentuada no país.
A desigualdade permaneceu estável no período, talvez por movimentos distintos. De um lado, a expansão dos rendimentos de programas sociais contribuiu para o crescimento do rendimento das classes de menor renda, e a própria expansão da ocupação também contribuiu. Mas, por outro lado, se a gente for observar o rendimento do trabalho, a gente observa que a classe, os 10% da população com rendimento de maior rendimento do trabalho, foi a que teve o maior crescimento desse rendimento. Esse grupo dos 10% com maiores rendimentos do trabalho, o salário médio deles cresceu acima da média nacional.
A proporção da população brasileira com algum tipo de rendimento também cresceu, atingiu o seu pico em 2023. No ano passado, 64,9% da população tinha alguma forma de renda. No ano anterior, eram 62,6%.
O rendimento de todas as fontes aumentou 7,5% em relação a 2022, atingindo R$ 2.846. Já o rendimento médio de outras fontes diferentes do trabalho cresceu 6,1%, chegando a R$ 1.837. Também um recorde da série histórica.