O podcast ‘A Ditadura Recontada: as vozes do Golpe’, uma parceria entre Globoplay e CBN, traz informações inéditas dos bastidores de um período sombrio da História brasileira: a ditadura militar. A série mergulha em quase 300 horas de áudios do arquivo do jornalista Elio Gaspari, autor de cinco livros sobre o assunto.
As desenvolvedoras da série Ana Maria Straube, Bárbara Falcão e Nadedja Calado, em entrevista ao Estúdio CBN, falam sobre momentos marcantes do período e dão detalhes dos bastidores da produção, que contou com utilização de ferramentas de inteligência artificial. Ouça:
A jornalista e narradora da série, Nadedja Calado, relembra o momento do decreto do AI-5, em 13 de dezembro de 1968 – que é o tema do segundo episódio da série. Ela lembra de ouvir o relato desse dia através do pai, que também era jornalista.
“Ele estava cobrindo uma chefia no Correio da Manhã, no Rio. Ele entrava à tarde, então foi para praia pela manhã. Ele chegou na hora do almoço em casa, ligou a TV e em todos os canais ele dizia que estava o mesmo cidadão, com ar de enfado, com óculos de fundo de garrafa, lendo um papel. Era o ministro da Justiça do Costa e Silva, o Gama e Silva, que escreveu esse texto do AI-5, dizendo – na interpretação do meu pai – que, a partir daquele momento, tudo estava proibido, menos ir para a praia. Então, ele voltou para a praia, avisou quem pôde e não foi trabalhar. Quem foi, passou algumas noites no xadrez do DOPS, lá no Rio de Janeiro; e, dali em diante, entrou a censura no jornal e a vida ficou muito mais complicada”, relatou.
Ana Maria Straube, roteirista de ‘A Ditadura Recontada’, explica o que foi o AI-5
Produção do Podcast
‘A Ditadura Recontada’ demorou quase dois anos para ser produzido, por conta da grande quantidade de material, pesquisa e até trabalho braçal. A roteirista Ana Maria Straube falou sobre o desenvolvimento da obra com base nos livros de Elio Gaspari:
“Para construir essa série, a gente teve que voltar também para o que foi a base do Gaspari para construir essa coleção de livros. Ele tinha feito entrevistas com muitas pessoas e ficou muitos anos pesquisando. Ele tinha alguns materiais muito ricos, que só ele tem (…). Ele tem, no computador dele, fichas e mais fichas de anotações de acontecimentos. Então, ali, dia 31 de março de 1964, ele tem um minuto a minuto do golpe. Dia 1º de abril, ele tem minuto a minuto do golpe. Ele falava sempre para mim: ‘Ana, não dá pra colocar tudo, senão o podcast terá duração de três meses”, relembra.
Já a editora Bárbara Falcão conta como a inteligência artificial ajudou a recuperar alguns áudios importantes do período histórico:
“O Gaspari tem a transcrição desses áudios. A gente consegue saber o conteúdo mesmo que o áudio esteja com essa qualidade ruim. Mas, no podcast, a gente não tem essa possibilidade da pessoa ler uma transcrição enquanto ela está ali ouvindo (…). E a gente tem ferramentas de inteligência artificial que conseguem clonar vozes, né? Então, eu fui tentar clonar a voz do próprio Geisel para que a gente reproduzisse a fala dele na própria voz dele, só que com a qualidade melhor”, explicou a editora.
Saiba mais sobre o uso da ferramenta em “A Ditadura Recontada”:
Barbara Falcão explica como a IA foi utilizada em ‘A Ditadura Recontada’
Ouça o podcast “A Ditadura Recontada: as vozes do Golpe” no site ou app da CBN, no Globoplay ou no seu aplicativo de podcast preferido.