O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que pediu desculpas ao fundador Jose Andres, da World Central Kitchen (WCK, Cozinha Mundial Central), depois que ataques de drones israelenses atingiram um carro onde estavam sete de seus agentes humanitários na segunda-feira (1º). Todos os voluntários morreram.
Herzog “expressou sua profunda tristeza e sinceras desculpas pela trágica perda de vidas de funcionários da WCK na Faixa de Gaza na noite passada e enviou suas condolências às suas famílias e entes queridos”, de acordo com uma postagem da presidência no X.
“O presidente reiterou o compromisso de Israel em garantir uma investigação completa da tragédia”, dizia o post.
“Erro de identificação”
O principal general das forças armadas israelenses pediu desculpas pelo ataque com drones a um carro da Cozinha Central Mundial, chamando o ataque de “um erro de identificação”.
O tenente-general Herzi Halevi disse em uma declaração em vídeo na terça-feira (2) que os militares concluíram um interrogatório preliminar e determinaram que não pretendiam matar os trabalhadores humanitários.
“Quero ser muito claro: o ataque não foi realizada com a intenção de prejudicar os trabalhadores humanitários da WCK. Foi um erro que se seguiu a um [outro] erro de identificação – à noite, durante uma guerra, em condições muito complexas. Isso não deveria ter acontecido”, disse Halevi.
“Lamentamos o dano não intencional aos membros da WCK. Compartilhamos a dor de suas famílias, bem como de toda a organização World Central Kitchen, do fundo de nossos corações”, acrescentou Halevi.
Ele chamou o ataque de “um grave erro” e prometeu que as Forças de Defesa de Israel (FDI) “continuarão a tomar medidas imediatas para garantir que mais seja feito para proteger os trabalhadores humanitários”.
“Este incidente foi um erro grave. Israel está em guerra com o Hamas, não com o povo de Gaza”, acrescentou Halevi.
Governo Biden “indignado”
Administração do presidente dos EUA, Joe Biden, disse estar indignada com ataque aéreo israelense, disse a Casa Branca na terça-feira, acrescentando que o presidente também conversou com o fundador da organização, José Andrés, para expressar suas condolências.
“Ficamos indignados ao saber de um ataque das FDI que matou ontem vários trabalhadores humanitários civis da Cozinha Central Mundial, que tem trabalhado incansavelmente para levar comida àqueles que passam fome em Gaza e, francamente, em todo o mundo”, disse porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, em entrevista coletiva na terça-feira.
“Enviamos nossas mais profundas condolências às suas famílias e entes queridos.”
Kirby disse que a Casa Branca viu comentários do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e das FDI de que iriam investigar e disse que o governo espera que a investigação seja conduzida “de maneira rápida e abrangente”.
“Esperamos que essas descobertas sejam tornadas públicas e que haja uma responsabilização adequada”, disse Kirby. Ele disse que uma investigação preliminar já foi concluída.
Segundo Kirby, uma das vítimas era cidadã dos Estados Unidos com dupla nacionalidade.
ONG identifica mortos
A Cozinha Central Mundial compartilhou as identidades dos sete trabalhadores humanitários mortos por Israel no centro de Gaza.
Em uma postagem no X na terça-feira, o grupo de ajuda nomeou:
- John Chapman, de 57 anos, cidadão britânico da equipe de segurança;
- James (Jim) Henderson, de 33 anos, cidadão britânico da equipe de segurança;
- James Kirby, de 47 anos , cidadão britânico da equipe de segurança;
- Jacob Flickinger, de 33 anos anos, cidadão com dupla cidadania norte-americana e canadense que faz parte da equipe de socorro;
- Damian Sobol, de 35 anos, cidadão polonês da equipa de socorro;
- Lalzawmi (Zomi) Frankcom, de 43 anos, cidadã australiana e líder da equipe de socorro;
- Saifeddin Issam, de 25 anos, palestino da equipe de socorro.
“Estes são os heróis da WCK. Estas 7 lindas almas foram mortas pelas FDI [Forças de Defesa de Israel] em um ataque quando voltavam de uma missão de um dia inteiro. Seus sorrisos, risadas e vozes ficarão para sempre gravados em nossas memórias”, citou a CEO da WCK, Erin Gore.
(Com informações de Tim Lister, Nikki Carvajal, Jeremy Diamond e Hira Humayun, da CNN)