A ministra do Meio Ambiente negou falta de diálogo com o Congresso e defendeu que o setor produtivo deve “cada vez mais se posicionar naquilo que são as suas vantagens comparativas”.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o “Brasil vai ficar trancado para o lado de fora” caso não avance na agenda verde. A declaração foi dada em entrevista a Vera Magalhães e Carolina Morand, no Viva Voz. Ouça na íntegra:
A ministra negou ausência de diálogo com o Congresso Nacional. Segundo ela, “não é o Parlamento por inteiro que é refratário à pauta ambiental”.
Marina ainda cobrou que o setor produtivo se posicione “cada vez mais naquilo que são as suas vantagens comparativas”. Ela citou matriz energética limpa, a possibilidade de ofertar produtos para a segurança alimentar do planeta em bases sustentáveis e também poder aportar meios de segurança energética, principalmente a partir do hidrogênio verde.
“O agronegócio sabe que não terá acesso a mercados se flexibilizar a agenda da proteção das florestas e dos povos originários (…). Não é que há falta de diálogo. Há diálogo. O que não há é a anuência de retrocedermos em questões que não tem como retroceder, senão o Brasil vai ficar trancado pelo lado de fora”, reforçou.
Fundo Clima
Nesta segunda-feira (2), o Ministério do Meio Ambiente assinou um repasse de R$ 10 bilhões para o Fundo Clima. O dinheiro será destinado ao BNDES, que é o operacionalizador do fundo.
O recurso é proveniente de uma captação de US$ 2 bilhões no exterior, com títulos lançados pelo Ministério da Fazenda. Marina Silva celebrou o investimento:
“É a primeira vez que se tem, no Fundo Clima, um volume de recursos tão grande para investimentos na área de desenvolvimento sustentável, transformação ecológica e enfrentamento da mudança climática (…). Isso tem um potencial grande de geração de emprego, mas, sobretudo, de botar de pé a nova economia”, afirmou.
Para a ministra, os recursos são resultado de um trabalho que começou ainda no primeiro governo Lula:
“A gente teve uma visão antecipatória, mas, para que isso acontecesse agora, era fundamental que fosse separando o joio do trigo, porque a nova economia só se firma se a velha economia e se a contravenção, principalmente a contravenção, for combatida”, defendeu.
A verba será usada agora para ações que tenham relação com processos de mudança do clima, com investimento em área urbana; eletrificação de frota para o transporte coletivo, considerando os municípios de pequeno porte; além do manejo florestal e restauração florestal e parte investido em energia sustentável, bioeconomia, entre outras ações.