A Turquia realiza eleições municipais em 81 províncias neste (31, com o Partido AK (AKP) do presidente Tayyip Erdogan com o objetivo de recuperar cidades que perdeu em 2019, incluindo a maior cidade do país, Istambul, e a capital, Ancara.
Os locais de votação estarão abertos das 7h às 16h, no horário local, nas províncias orientais e das 8h às 17h, no horário local, no resto do país. Os resultados iniciais são esperados até às 22h, no horário local (16h, no horário de Brasília), deste domingo.
Os analistas veem a votação como uma medida nacional do apoio a Erdogan e da durabilidade da oposição, especialmente a do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu.
Espera-se uma disputa acirrada na cidade, que abriga mais de 16 milhões de pessoas e movimenta mais de um quarto do PIB do país.
O que está em jogo?
Na última votação local, em 2019, o principal partido da oposição, o Partido Popular Republicano (CHP), prevaleceu em Istambul e Ancara e pôs fim a mais de duas décadas de governo do AKP e dos seus antecessores islâmicos.
Erdogan, que governa a Turquia há mais de duas décadas e fez forte campanha pelo AKP nas últimas semanas, iniciou a sua carreira política como prefeito de Istambul em 1994.
Quase 11 milhões de pessoas podem votar na cidade, afirma o Conselho Supremo Eleitoral. A participação nas eleições gerais e locais é muito elevada na Turquia, perto de 90%.
O principal adversário do atual prefeito Imamoglu é Murat Kurum, do AKP, um ex-ministro do governo. As pesquisas dão a Imamoglu uma ligeira vantagem.
Em maio passado, Erdogan foi reeleito presidente e a sua aliança obteve a maioria no parlamento em eleições gerais apertadas – um resultado que dividiu e desanimou uma aliança do CHP e de outros partidos da oposição.
Qual a importância das eleições?
O orçamento do município metropolitano de Istambul supera todas as outras 80 cidades do país em 516 bilhões de libras em 2024, incluindo as suas subsidiárias. O orçamento da segunda cidade, Ancara, é de 92 bilhões.
O controle das grandes cidades e dos seus orçamentos pode dar aos partidos vantagem sobre financiamento, contratos e a criação de emprego, aumentando a sua popularidade a nível nacional.
Istambul tem uma importância especial para Erdogan, que ascendeu à cena política nacional durante o seu mandato como prefeito, entre 1994 e 1998.
Imamoglu emergiu como a principal alternativa da oposição a Erdogan. Se ele ganhar um segundo mandato para prefeito, muito provavelmente concorrerá na próxima eleição presidencial, dizem os analistas, enquanto uma derrota poderia prejudicar sua carreira e deixar a oposição ainda mais desorganizada.
Para Erdogan, recuperar Istambul e Ancara reforçaria a sua busca por uma nova constituição que poderia potencialmente estender o seu governo para além de 2028, que marca o fim do seu atual mandato, dizem os analistas.
De acordo com a Constituição existente, a Presidência está limitada a dois mandatos. Erdogan garantiu um terceiro mandato no ano passado graças a uma lacuna legal resultante da transição para um sistema presidencialista em 2018, uma vez que o seu mandato inicial foi cumprido no sistema anterior.
“O teste eleitoral também é significativo para a busca de Erdogan por uma nova Constituição (ou emendas constitucionais) para contornar os limites do mandato presidencial e remover os restantes elementos da independência judicial”, avaliou Wolfango Piccoli, co-presidente do Teneo.