O presidente Volodymyr Zelensky disse em uma entrevista publicada nesta sexta-feira (29) que, se a Ucrânia não receber a ajuda militar prometida pelos Estados Unidos, que está bloqueada por disputas no Congresso americano, suas forças terão que recuar “em pequenos passos”.
“Se não houver apoio dos EUA, isso significa que não teremos defesa aérea, nem mísseis Patriot, nem bloqueadores para guerra eletrônica, nem projéteis de artilharia de 155 milímetros”, advertiu Zelensky ao Washington Post.
“Isso significa que voltaremos, recuaremos, passo a passo, em pequenas etapas. Estamos tentando encontrar uma maneira de não recuar”, pontuou.
A escassez de munições, segundo ele, significa que “você tem que fazer com menos. Como? É claro, recuando. Tornar a linha de frente mais curta. Se ela se romper, os russos poderão ir para as grandes cidades”.
O presidente norte-americano Joe Biden pediu que a Câmara dos Deputados dos EUA, controlada pelos republicanos, apoie o pacote de ajuda militar e financeira, mas o presidente da Casa, Mike Johnson, tem adiado a questão há meses, citando prioridades domésticas.
Zelensky ressaltou a Johnson em uma conversa por telefone na quinta-feira (28) que a aprovação do pacote é vital.
As forças russas capturaram a cidade oriental de Avdiivka no mês passado e obtiveram pequenos ganhos desde então, mas as linhas de frente pouco mudaram em meses.
Em sua entrevista, o presidente ucraniano destacou que a Ucrânia está compensando a escassez de mísseis com armamentos e sistemas de defesa aérea produzidos internamente, “mas isso não é suficiente”.
Após mais de dois anos de guerra, a Rússia intensificou os ataques à rede de energia e a outras infraestruturas nas últimas semanas. As tropas ucranianas não conseguiram avançar, e Zelensky disse que Kiev pretende realizar ataques a alvos na Rússia, incluindo refinarias de petróleo.
Ele afirmou que a reação de Washington à onda de ataques ucranianos “não foi positiva”, mas que Kiev está usando seus próprios drones.
“Usamos nossos drones. Ninguém pode nos dizer que não podemos”, comentou ao jornal. “Se não há defesa aérea para proteger nosso sistema de energia e os russos o atacam, minha pergunta é: por que não podemos responder a eles?”, adicionou.
“A sociedade deles tem que aprender a viver sem gasolina, sem diesel, sem eletricidade. Quando a Rússia parar com essas medidas, nós pararemos”, ressaltou.