O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, contradisse uma alegação da Rússia sobre possível envolvimento da Ucrânia no ataque a uma casa de shows em Moscou na semana passada.
O Estado Isâmico assumiu a responsabilidade pelo massacre, que matou pelo menos 139 pessoas, mas o presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu repetidamente, sem provas, que a Ucrânia ajudou a orquestrá-lo.
Putin afirmou no sábado que uma “janela” foi preparada para os agressores escaparem para a Ucrânia, o que Kiev negou.
Mas Lukashenko, um dos aliados mais leais de Putin, disse nesta terça-feira (26) que os agressores inicialmente pretendiam entrar em Belarus e não na Ucrânia.
“Eles não podiam entrar em Belarus. Os líderes sabiam que seria uma péssima ideia tentar entrar em Belarus, porque Belarus reforçou imediatamente as medidas de segurança”, destacou Lukashenko, segundo a agência de notícias belorussa Belta.
Ele afirmou ter recebido informações das autoridades russas “minutos” depois do início do ataque e colocou unidades belorussas em alerta, estabelecendo postos de controle nas estradas para evitar que os criminosos entrassem no país.
“É por isso que não havia hipótese de entrarem em Belarus. Eles perceberam isso. Então eles deram uma volta e seguiram para a fronteira entre a Ucrânia e a Rússia”, ressaltou.
Os criminosos invadiram o Crocus City Hall, em um subúrbio de Moscou, na sexta-feira (22), atirando em civis à queima-roupa antes de incendiarem o prédio, fazendo com que o telhado desabasse enquanto os espectadores ainda estavam lá dentro.
Quatro suspeitos, que são da república da Ásia Central do Tajiquistão, mas trabalharam na Rússia com vistos temporários ou expirados, foram detidos na noite de sexta-feira na região russa de Bryansk, perto da fronteira com a Ucrânia e Belarus.
No seu primeiro discurso nacional após o ataque, Putin alegou, no sábado (23), que os homens “tentaram se esconder e avançar em direção à Ucrânia, onde, segundo dados preliminares, foi preparada uma janela para eles do lado ucraniano atravessarem a fronteira”.
Putin admitiu na segunda-feira (25) que o ataque foi realizado por “radicais islâmicos”, mas ainda assim tentou atribuir a responsabilidade final à Ucrânia.
Outras autoridades do Kremlin recuaram nas afirmações. Alexander Bortnikov, diretor dos Serviços Federais de Segurança da Rússia (FSB), alegou nesta terça-feira que a Ucrânia estava envolvida no “treinamento de militantes no Oriente Médio”.
A Ucrânia negou veementemente o envolvimento no ataque e classificou as afirmações do Kremlin de “absurdas”. Outros especularam por qual razão os atiradores tentariam fugir através de uma seção fortemente militarizada da fronteira, com uma grande presença de tropas russas.
E Lukashenko, ao tentar promover a posição de Belarus como um aliado fiável da Rússia, pode ter inadvertidamente enfraquecido ainda mais as acusações de Putin.
A agência Belta relatou que Lukashenko concordou em “isolar a sua seção da estrada que poderia ser usada pelos criminosos” quando recebeu informações de autoridades russas, incluindo Bortnikov, de que os atiradores estavam “se movendo na direção de Bryansk”.
Lukashenko pontuou que ele e Putin trocaram telefonemas, alegando que aceitou o pedido do líder russo para ajudar a isolar as estradas para Belarus. “Absolutamente. Estamos fazendo tudo”, respondeu Lukashenko.
Ele destacou que compartilhou a informação porque estava ciente de que Putin havia sido repreendido por sua resposta à tragédia. Putin foi criticado por não se dirigir à nação até mais de 19 horas após o início do ataque.
Em vez disso, ponderou Lukashenko, ele e Putin “não dormiram durante 24 horas”, enquanto trabalhavam para enfrentar a ameaça.
Um total de 11 pessoas foram presas em conexão com o ataque à sala de concertos, disseram autoridades russas. Quatro compareceram a um tribunal de Moscou no domingo e três na segunda-feira. Não está claro se os quatro restantes ainda estão detidos ou compareceram perante um juiz.
Três dos suspeitos tadjiques foram conduzidos por seguranças em pé ao entrarem em um tribunal de Moscou no domingo, enquanto o quarto estava em uma cadeira de rodas e parecia inconsciente. Eles foram acusados de terrorismo e enfrentam pena máxima de prisão perpétua.
Os homens pareciam espancados e machucados quando foram levados ao tribunal. Vídeos amplamente divulgados nas redes sociais russas pareciam mostrar alguns deles sendo interrogados violentamente, incluindo um que parecia mostrar o uso de eletrocussão.
Em outro vídeo, um suspeito teve parte da orelha cortada e enfiada na boca.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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