Com doses da vacina contra a dengue prestes a vencer, governos estaduais reclamam da falta de orientação do Ministério da Saúde para evitar o desperdício do imunizante. Lotes da vacina Qdenga comprados pelo governo federal tem validade apenas até o dia 30 de abril. E diante da baixa procura pelo imunizante, os 521 municípios contemplados com as remessas até o momento correm o risco de ter que jogar a vacina fora. Atualmente, podem receber a dose crianças de 10 a 14 anos.
Nesta segunda-feira, o Brasil bateu recorde histórico de dengue, ultrapassando 1,8 milhão de casos da doença neste ano. 561 pessoas morreram vítimas da dengue.
Alguns estados ouvidos pela CBN afirmam que, por iniciativa própria, estão tentando estimular a vacinação, fazendo campanhas de divulgação.
É o caso do Distrito Federal, que concentra o maior número de casos até agora. O DF recebeu do Ministério da Saúde 71.702 doses da Qdenga em fevereiro, mas até agora só 39 mil foram aplicadas. A secretária de Saúde do Distrito, Lucilene Florêncio, diz que não houve nenhuma tratativa do governo federal sobre a possibilidade de vencimento do imunizante. Ela afirma que o governo local está preocupado, mas que apesar da baixa procura vai tentar zerar as doses até o dia 30 de abril:
“Não houve até o momento nenhuma tratativa com a gente saber o que fazer com essas doses. Ninguém nos procurou. Mas estamos empenhados em vacinar e zerar esse primeiro estoque até o próximo dia 30. Estamos muito empanhados nisso. Estamos chamando as pessoas”.
Na Bahia a situação é parecida. O Estado recebeu 170 mil doses, mas só conseguiu aplicar pouco mais de 68 mil. Até agora, no entanto, não recebeu nenhuma orientação do Ministério da Saude sobre o que fazer com as doses prestes a vencer. Segundo o presidente do Conselho de Saude da Bahia, Marcos Gêmeos, a situação é preocupante:
“A questão da validade preocupa. Dizer que o Brasil foi o primeiro país a colocar a vacina contra a dengue no calendário vacinal, no programa vacinal. Nos preocupa também o comportamento da população e não recebemos nenhum tipo de orientação do ministério da saúde. Estamos no aguardo”.
Já Minas Gerias recebeu 78.790 doses da Qdenga e, até agora, vacinou pouco mais de 21 mil pessoas. Em São Paulo foram disponibilizadas 79mil, mas apenas 29 mil foram aplicadas. Em Goias, das 158 mil doses distribuidas, apenas 23% foram utilizadas.
Para o professor de infectologia da UFRGS, Alexandre Zavascki, as fakenews contribuem para baixa procura da vacina:
“A gente está vendo o aparecimento de antigas e novas epidemias, a gente está vendo essa epidemia de fakenews, que só atrapalha. Não existe esses tratamentos alternativos pra doença”
A CBN entrou em contato com o Ministério da Saúde e com a Anvisa sobre a situação, mas não houve retorno até o fechamento da reportagem.