A atriz e comediante Marisa Orth é a entrevistada dessa sexta-feira (15), no Fim de Expediente. A eterna Magda de ‘Sai de Baixo’ está realizando a peça solo ‘Bárbara’. O espetáculo é baseado no livro ‘A Saideira’ , da jornalista Bárbara Gancia, que conta sua luta pela sobriedade. Ouça a entrevista completa e saiba mais:
O texto foi desenvolvido durante a pandemia pela dramaturga Michele Ferreira, pelo diretor da peça, Bruno Guinda e também por Orth. Ela apresenta não apenas os momentos de bebedeira, mas também a clínica, as festas, e momentos de alegria da personagem.
“A Bárbara mesmo nos orientou, e o tema do livro dela tem a ver com isso, tem muito a ver com alegria. Ela falou, não tirem a alegria da peça, não tirem a festa da peça, porque o álcool está lá, está na festa, está na alegria. Se eu não tivesse ficado doente, se eu não tivesse tido problemas horrorosos, minha vida teria sido uma festa. Entendi. E ela tem esse jeito de misturar o drama com a comédia. Eu acho que eu tenho esse jeito também. Então, ela é muito dinâmica.” disse a atriz.
Marisa, também contou como resolveu participar da peça. Sem trabalhos durante a pandemia, a atriz se interessou bastante na ideia de interpretar um monólogo, algo que nunca tinha feito.
“A gente vai fazer uma peça de teatro . Aí me interessou esse jeito novo de trabalhar, o monólogo que eu nunca tinha feito. E a pandemia, que a gente estava desesperado para trabalhar. Eu acho que essa peça traduz muito desse momento de muita humildade em que estávamos todos. Eu, o diretor, a dramaturga, a gente. Ela emociona, faz rir. Sei que toda peça fala isso, mas é legal. É uma hora e dez e é um tiro bem forte.” contou Marisa
Novos papéis, novos medos
Além disso, a estrela do espetáculo também contou da relação com espectadores, uma vez que muitos vão à peça com a ideia que assistirão sua personagem de comédia do programa ‘Sai de Baixo’.
“Dá maior medo que ninguém mais te aceite em outros papéis, sendo que a natureza e a graça do ofício que a gente escolheu é poder trocar de papel, que é o barato, o número um, acho que, talvez, da nossa profissão. Então dá um pouco de medo, mas essa peça, por acaso, começa com o stand-up falando sobre humor (…) Então eu tenho que avisar a vocês que essa peça não é exatamente uma comédia. Quem quiser sair, pode sair (…) em ver, que eu me garanto. Vem, que eu te convenço que eu não sou a Magda.” declarou a artista
A peça, que retornou recentemente a São Paulo, está sendo apresentada no Teatro Bravos dentro do Tomiotaki. Ela acontece as sextas, sábados e domingos, e fica em cartaz até o final de abril.
Radojka
A atriz também integra o elenco da peça latino-americana ‘Radojka’, espetáculo de origem uruguaia que chega ao Brasil pela primeira vez.
Marisa ainda conta sobre sua relação com obras dramatúrgicas de fora do país. Ela, que possui muita admiração, diz que ainda falta muito para conhecer por completo as obras latino-americanas, não só cinema, mas também a cena teatral, que conhece muito pouco. Ela conta que se apaixonou pelo texto do espetáculo, e por isso resolveu integrar o elenco.
“Como uma brasileira típica, acho que a gente falta muito para conhecer a América Latina, precisava estar mais debruçada sobre isso. Conheço mais de cinema e tal, mas a cena teatral, muito pouco, muito pouco. E eu adorei esse texto. Eu li, eu leio alguns que eu não gosto muito, esse aí eu li, comecei a relendo, é muito engraçado, tem muita situação boa, é engraçadão, bem escrito. Aí pronto, um, dois e já, quero fazer.”
A peça também está em cartaz em São Paulo. As apresentações acontecem de terça à quinta, sempre às 20h00 da noite.
Sonhos
Por fim, Marisa ainda conta dos sonhos que ainda possui na interpretação. Com o sonho de apresentar uma travesti, a atriz se sente engessada, pois poderia estar tirando lugar de uma artista realmente travesti. Além disso, ela compartilha o interesse em interpretar uma pessoa ‘louca’, e também de integrar mais a pele de vilãs.
“(…)porque vou dizer que tirei a oportunidade de um ator travesti, trans, fazer, entendeu? Eu gostaria, gostaria de ter um porte grande. Eu acharia muito louco eu ser uma mulher, fazer um homem que quer ser mulher. É um desafio, eu acho. Eu sendo mulher, cis, fazer uma mulher que nasceu no corpo de um homem.”
“Eu queria fazer uma louca. Eu sou formada em psicologia, eu nunca fiz uma louca, louca, assim, louca. Eu nunca fiz um papel mais de caracterização. Aquelas coisas que desafiam mesmo, sabe? Uma doente. E essas coisas. Mais difíceis, papéis difíceis, né? Porque corre o risco de passar na caricatura.”