O setor de bebidas liderada os ganhos do contrabando e da falsificação, com perdas de mais de 78 bilhões aos cofres públicos. A cidade de São Paulo, maior mercado consumidor do país, é o destino favorito das mercadorias dos criminosos.
Prejuízos relacionados à falsificação e ao contrabando ultrapassaram os 414 bilhões de reais no Brasil em 2023, um crescimento de 15% em relação ao ano anterior. O montante é um número recorde na série histórica da Associação Brasileira de Combate à Falsificação. Os números foram divulgados nesta sexta-feira.
O setor mais afetado pelo mercado ilegal continua sendo o das bebidas com perdas de 78 bilhões e meio de reais – cerca de 22 bilhões apenas de sonegação fiscal.
De acordo com a Associação, nunca houve momento em que o setor de bebidas estivesse mais prejudicado pelo mercado ilegal. Dados de 2022 já mostravam um crescimento de quase 300% na sonegação de impostos referentes aos últimos seis anos. À época, a pesquisa revelou ainda um aumento no volume ilícito de bebidas, que saltou de 2 bilhões de litros em 2016 para 5,3 bilhões de litros em 2022. Neste ano, esse percentual subiu mais 9%.
A tributação na indústria nacional, a desvalorização do real e a má fiscalização nas fronteiras são alguns dos fatores elencados para o salto das atividades criminosas. Mas a pesquisa destaca, principalmente, a extinção do SICOBE (Sistema de Controle de Bebidas da Receita Federal), em 2016, como o principal fator para o incremento do mercado ilegal de bebidas, como explica o diretor de comunicação da Associação, Rodolpho Ramazzini.
Depois das bebidas, o setor de vestuário aparece como o segundo mais prejudicado, com perdas de 40 bilhões de reais. Em terceiro, o setor de combustíveis, com perdas de 35 bilhões.
São Paulo, principal mercado consumidor do país, é o destino final favorito dos bandidos. O Rio de Janeiro é a nona cidade mais afetada.
O setor de cigarros aparece apenas em 10º como o mais prejudicado pelo mercado ilegal, mas lidera o número de operações das forças de segurança.