Abandonado desde os anos 80, o imóvel está em estágio avançado de deterioração.
O Ministério Público Federal instaurou um inquérito civil para analisar, discutir e, eventualmente, viabilizar a criação de um centro de memória e dos direitos humanos na antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no Centro do Rio de Janeiro. Abandonado desde os anos 80, o imóvel está em estágio avançado de deterioração.
O órgão ministerial deu prazo de dez dias para que a Polícia Civil do estado, que administra o edifício, se manifeste sobre a representação do Coletivo RJ Memória Verdade Justiça e Reparação, organização da sociedade civil que reúne entidades constituídas por ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos e militantes de direitos humanos. O grupo reivindica a transformação da antiga sede do Dops em um espaço de preservação da memória política do povo brasileiro. Durante o regime militar, o local foi palco de práticas de repressão e tortura a perseguidos pela ditadura.
Segundo a representação apresentada ao MPF, “o abandono da edificação, localizada na Rua da Relação, n. 40, no bairro da Lapa, no Centro da cidade, vem ocasionando a perda de elementos do testemunho histórico sobre o período da Ditadura Militar”. Eles dizem que há um risco iminente de perda total de elementos que ainda não puderam ser objeto de estudo adequado de arqueologia forense especializada.
Antigo Dops fica localizado no Centro do Rio, na região da Lapa. — Foto: Reprodução/Wikipedia
Em 1987, o prédio foi declarado patrimônio cultural pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), sob a justificativa de preservação das qualidades arquitetônicas. A entidade salientou, na ocasião, que o edifício é, sobretudo, “um marco e testemunho histórico das lutas populares pela conquista de liberdade e lugar de memória dos que ali foram torturados pela defesa de suas ideias políticas”.