Cerca de 20 líderes europeus se reúnem em Paris, nesta segunda-feira (26), para enviar ao presidente russo, Vladimir Putin, uma mensagem de determinação europeia em relação à Ucrânia e contrariar a narrativa do Kremlin de que a Rússia está fadada a vencer a guerra que entrou em seu terceiro ano.
O presidente francês, Emmanuel Macron, convidou os seus homólogos europeus ao Palácio do Eliseu para uma reunião de trabalho anunciada a curto prazo devido ao que os seus conselheiros dizem ser uma escalada na agressão russa nas últimas semanas.
“Queremos enviar a Putin uma mensagem muito clara de que ele não vencerá na Ucrânia”, disse um conselheiro presidencial aos jornalistas num briefing.
“Nosso objetivo é acabar com essa ideia de que ele quer que acreditemos que de alguma forma ele estaria vencendo”, completou.
Depois dos sucessos iniciais em fazer recuar o exército russo, a Ucrânia sofreu reveses nos campos de batalha, com os seus generais reclamando da escassez de armas e soldados.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, o ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron , o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, bem como líderes dos países escandinavos e bálticos, estão entre os confirmados no evento.
Os Estados Unidos estão representados pelo secretário de Estado Adjunto para Assuntos Europeus e Eurasiáticos, Jim O’Brien, e o Canadá, pelo ministro da Defesa, Bill Blair.
O presidente ucraniano, Volodymr Zelenskiy, discursará na reunião por teleconferência.
Autoridades francesas disseram que a conferência de segurança em Munique no início deste mês, que coincidiu com a morte do mais proeminente oponente interno de Putin, Alexei Navalny, foi toda sobre “desgraça e tristeza”, e que Macron, que deverá estar em Kiev em março, estava interessado em dissipar isso.
“Não somos pessimistas nem sombrios”, disse o conselheiro francês. “Queremos que a Rússia entenda isso. A Rússia terá que contar com todos nós coletivamente para acabar com esta guerra e restaurar os direitos da Ucrânia.”
Autoridades francesas disseram que a Rússia demonstrou agressividade renovada nas últimas semanas, inclusive no voo de Putin em um bombardeiro com capacidade nuclear, no que consideram uma tentativa de intimidar os europeus num momento em que o apoio dos EUA é posto em dúvida pelas eleições presidenciais.
O conselheiro disse que a reunião de trabalho não será uma ocasião para anunciar novas entregas de armas à Ucrânia, mas sim para debater formas de ser mais eficiente no terreno, bem como para aumentar a coordenação entre os aliados e a Ucrânia.
Uma área onde poderá haver progresso é a questão da compra de centenas de milhares de munições a países terceiros, algo sobre o qual a França tem sido cautelosa, uma vez que pretende dar prioridade ao desenvolvimento da própria indústria europeia.
“Devemos ser capazes de entregar mais munições. O princípio é que as munições serão compradas onde estiverem disponíveis”, disse o conselheiro. “Não existe uma posição dogmática (francesa).”
O fornecimento de munições tornou-se uma questão crítica para Kiev.
A União Europeia, porém, está aquém do seu objetivo de enviar à Ucrânia um milhão de cartuchos de artilharia até março, e o presidente tcheco, Petr Pavel, está promovendo uma iniciativa de adquirir munições de outros países para obter ajuda urgente às forças armadas da Ucrânia.